
CRÓNICA

Maria Helena Falé
Locutora de Rádio
Já lá vão 53 anos
Foi em Abril de 1966.
Completados os 20 anos decidi trabalhar.
No Diário de Notícias respondi a um anúncio que pedia alguém para tratar da correspondência de um programa de rádio. Para começar bastava-me, depois procuraria mais...mas não procurei. O programa em questão era o Pajú que, por coincidência, eu até costumava ouvir. Ao fim de uma semana o Aurélio Carlos Moreira convidou-me a visitar os estúdios onde o programa era feito. E tudo começou ali. O fascínio do microfone, do estúdio, dos sons que eu nunca tinha ouvido. Para maior espanto, fui convidada a ler um texto da revista Plateia, só para poder ouvir-me depois na gravação, já que nunca tinha ouvido a minha voz gravada. O espanto foi ainda maior. Não reconheci a minha voz que eu achei tão estranha... mas o Aurélio, bem como outras pessoas presentes na altura nos estúdios, incluindo o administrador e proprietário, acharam que eu tinha boa voz, boa dicção... enfim que devia ir mais longe. Foi o inicio de um caminho que eu não tinha imaginado fazer, a descoberta de um mundo completamente desconhecido, mas que me apaixonou desde logo. O Aurélio foi a partir daí, o irmão, o amigo, o camarada, o mestre a quem agradeço quase tudo o que aprendi na rádio. O Pajú foi e será sempre a marca de origem que me acompanhou ao longo de quarenta anos de carreira.
Maria Helena Falé